sexta-feira, 30 de julho de 2010

CASO BRUNO

João Evilázio Gomes

      Os horrores do conturbado caso Bruno causam arrepios e revolta, parecem coisas de cinema e ganham repercussão internacional. Lamentavelmente, descambam para um espetáculo e poderão, mais tarde, se transformar em livros e filme, realmente. Os fatos tristes, chocantes e dolorosos se resumem em uma quadrilha maldita, calculista, fria, artista do crime e, fama, dinheiro, sexo, drogas, outras aventuras, uma jovem chamada Eliza Samudio, desaparecida (possivelmente morta, mas, ironicamente, arrolada como testemunha da defesa), uma criança órfã à espera de um lar definitivo, famílias dilaceradas, deboche e ameaças às autoridades, minuciosa investigação policial, prisões, batalha nos tribunais e, breve, condenações, provavelmente. Crimes: formação de quadrilha, sequestro, cárcere privado, corrupção de menores, homicídio, ocultação de cadáver. A sociedade exige uma resposta. 
      Apesar dos pesares, a polícia fechou o cerco e cumpriu seu papel. Agora, é a vez da Justiça. Outros nomes podem vir à tona. Mas é notória uma espécie de maquiavelismo da defesa: “Os fins justificam os meios”. Inclusive, até a imprensa entrou numa fria, deixando se levar pela falsa notícia de que a loira fotografada num shopping do Rio seria Eliza Samudio. Um cúmulo. A moça se apresentou à polícia, se identificou como Jeizi Fernandes, desmascarando a defesa barulhenta e pobre em argumentos jurídicos. Aliás, é evidente que uma das estratégias da defesa é tumultuar, confundir e ganhar tempo. O primeiro mandamento é: minta, não admita. Essa é a ética.
      Para o sorriso dos reus (que podem pagar poderosos advogados que sobrevivem com as falhas e lacunas da lei), grande parte de nossa emaranhada legislação penal é uma bela “colcha de retalhos”, que se traduz num volumoso “código de brechas imorais”, que permitem aos verdadeiros criminosos omitir, fugir, calar, mentir e outros absurdos, para escapar das penas. Essa legislação precisa ser revista, já. Inclusive a prescrição de certos crimes. Mas cadê Eliza Samudio? Partes de outros corpos encontrados nas buscas significam que mais Elizas são assassinadas. Sendo miseráveis e não envolvendo celebridades, não há publicidade. 
                                                                      
                                                              

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